Eu esperava, de mãos cruzadas sobre a saia do vestido de sonhos, afastada do mundo restante, da luz e da sombra, do branco e do negro. Tinha tecido uma teia de cores que mais ninguém via.
Sentia-me embaraçada nela, imobilizada. Nem um dedo mexia, ali eu esperava.
Só o meu simples vestido ondulava, convite a quem conseguisse olhar e ver-me. Mas à minha volta, para lá da minha teia, todos pareciam cegos. Talvez surdos também. Porque embora quieta no sonho com que me vestia, de mim saiu um grito, grito que podia acordar o mundo. Um terrível grito de silêncio, que rasgava aquela espera.
Foi assim que cheguei mais longe, um grito meu, só meu.
Grito que me arrepiou, entrou e me feriu, mas foi um grito cheio de vontade...
Já nada faz sentido
♥
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